18 junho, 2007

Frase da Semana

"Las masas humanas más peligrosas son aquellas en cuyas venas ha sido inyectado el veneno del miedo.... del miedo al cambio."
Octavio Paz

11 junho, 2007


Os Cristãos Esquecidos - Revista Época

Os cristãos esquecidos






DESTRUIÇÃOFreiras nas ruínas de igreja em Mosul, na região curda. A violência sectária expulsou dois terços dos cristãos do Iraque









Vítimas da disputa entre sunitas e xiitas do Iraque, antigas comunidades católicas e ortodoxas estão ameaçadas de desaparecer

Os cristãos esquecidos

Por Marcelo Musa Cavallari

Eles se orgulham de rezar na mesma língua que Jesus falava. Sobrevivem há 2 mil anos sem nunca ter sido súditos de um rei ou de um império cristão. Diante de seus compatriotas muçulmanos e falantes de árabe, alegam que são os verdadeiros iraquianos: afinal, vivem no país e falam a língua local desde antes de Maomé fundar o islã e espalhar a influência árabe pelo mundo. Eles nunca tiveram uma vida fácil. Mas a intervenção americana que derrubou o ditador Saddam Hussein e pretendia levar a democracia ao Iraque acabou representando a maior ameaça em sua longa história. A hostilidade de grupos muçulmanos armados desencadeada com a invasão americana pode acabar com uma das mais antigas comunidades religiosas do mundo: os cristãos do Iraque.
Atendendo a um apelo do patriarca da Igreja Caldéia, Emmanuel III Delly, o governo iraquiano prometeu, no fim de maio, proteger as comunidades cristãs do país. A nova Constituição do Iraque, aprovada depois da derrubada de Saddam, garante a igualdade a todas as comunidades religiosas do país. Na prática, o governo eleito na primeira eleição democrática e livre da história do país, em 2005, não tem condições de garantir nem a segurança dos próprios integrantes.
O resultado é que os cristãos do Iraque estão abandonados à própria sorte. Vivem no meio da guerra civil e não têm uma milícia armada lutando a seu lado. Os cristãos são alvo tanto dos sunitas quanto dos xiitas que disputam a hegemonia hoje. Vítimas de atentados, de uma indústria de seqüestros, de pressão violenta para que abandonem seus lares e da cobrança ilegal do tradicional imposto que os governantes muçulmanos arrecadavam de seus súditos não-muçulmanos, os cristãos estão indo embora.
Às vésperas da invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003, eles eram cerca de 2 milhões, o equivalente a pouco menos de 4% da população do Iraque. Hoje, calcula-se que restaram cerca de 500 mil. Em alguns lugares do país, eles desapareceram completamente, preferindo se concentrar em regiões mais seguras como o norte, de maioria curda.
Nas cidades curdas de Erbil, Dahuk, Sulaymanyia e Ahmadyia, estão se juntando os cristãos que abandonam o centro do país, dominado por muçulmanos sunitas, e o sul, controlado por muçulmanos xiitas. Nas cercanias de Mosul, também em território curdo, fica o centro tradicional do cristianismo iraquiano. Ali, há igrejas e mosteiros com mais de mil anos. Em algumas aldeias, a língua falada nas ruas é o sureth, um dialeto do aramaico, a língua falada por Jesus, ainda usada na liturgia. Os cristãos iraquianos se dividem em várias confissões. Caldeus, sírios católicos e sírios ortodoxos, armênios católicos e ortodoxos, assírios do Oriente e greco-melquitas.
As tropas americanas e britânicas que formam o grosso das forças invasoras se mostraram mal preparadas para lidar com as divisões entre xiitas e sunitas. Os cristãos e as comunidades religiosas menores do Iraque, então, nem sequer entraram nos cálculos. Um dos mais eloqüentes exemplos do descuido com que a frágil comunidade cristã foi tratada pelos invasores ocorreu em Bagdá. O seminário caldeu da capital, onde funcionava também uma faculdade e uma biblioteca pública, teve de ser transferido para Erbil. As tropas americanas decidiram ocupar o lugar para montar lá seu quartel-general. Não adiantaram os protestos do patriarcado.
A simples presença dos americanos no Iraque complicou a situação já delicada dos cristãos. “Na mentalidade da maioria dos muçulmanos, um homem não pode não ter religião”, disse o patriarca Emmanuel III. “Para eles, Bush é cristão e, assim, sua guerra é uma cruzada. Portanto, os cristãos do Iraque são agentes de Bush. E o pior é que ele nem sabe da existência desses cristãos!”
Os cristãos do Iraque têm motivos para ter saudade do regime de Saddam. A ideologia nacionalista árabe do partido Baath fazia com que os cristãos tivessem os mesmos direitos que qualquer outra comunidade religiosa do Iraque. O regime era radicalmente laico. Além disso, Saddam temia, mais que qualquer coisa, o radicalismo islâmico, que reprimia impiedosamente e que agora é o principal responsável pela violência sectária no país.
A situação começou a mudar depois da Guerra do Golfo, em 1991. Isolado do Ocidente, o regime de Saddam passou a se aproximar do islamismo em busca de legitimação. Mesmo preservada em lei, a igualdade de direitos entre as comunidades cristãs e muçulmanas começou a desaparecer. Além disso, os cristãos eram, e ainda são, especialmente presentes nas universidades e nas profissões técnicas. Com o bloqueio econômico que se seguiu à guerra e o conseqüente empobrecimento do Iraque, passaram a emigrar em busca de oportunidades melhores nos EUA, na Europa e na Austrália.
São os mesmos lugares para onde os atuais refugiados iraquianos, ou ao menos parte deles, tentam ir. Por enquanto, eles estão concentrados na Síria e, em menor número, na Jordânia, no Egito e no Líbano. Pelos cálculos da ONU, que presta seus serviços de apoio aos refugiados iraquianos na Síria, eles já são 1 milhão. O governo sírio acha que são mais que isso. E já pensa em medidas para diminuir o fluxo.
As igrejas do Iraque têm sido alvos de atentados. Os radicais muçulmanos exigem que as cruzes sejam retiradas do topo e da fachada delas. Alguns santuários foram destruídos. Padres foram seqüestrados e mortos. Centenas de leigos, obrigados a pagar resgate. O Iraque corre o risco de ser dividido. Entre curdos e árabes. Entre xiitas e sunitas. Qualquer que seja o futuro do país, não parece haver mais lugar para os cristãos que lá viveram por dois mil anos.

04 junho, 2007



Allways happy because He is our strength!!


Nada melhor que um merecido descanso na casa de uma sogra que mais parece uma mãe!!

Descanso combina bem com reflexão...

História

"Quizá la más grande lección de la historia es que nadie aprendió las lecciones de la historia."
Aldous Huxley